Textos Premiados


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Relação Completa dos Prêmios e os Textos

Rimas da Pandemia
Prêmio de Publicação – I Colcha de Retalhos – A vida em um frasco, gênero poesia, realizado no inverno de 2021, em Uberlância – MG

O amor também faz sofrer
Prêmio de Publicação – I Colcha de Retalhos – A mulher brasileira de 1920 a 2020, gênero prosa, realizado no inverno de 2021, em Uberlância – MG

Cinzas não Envelhecem – prosa
Concurso Letras da Paixão promovido pela Casa do Novo Autor – Sp Capital 
3º Lugar, recebendo 10 edições do livro – outubro 2010
LIVRO 3 - Intensa

Inverso da Alma - poesia
Concurso Falando de Amor – Casa do Novo Autor – SP 
Prêmio de Edição – abril 2010 LIVRO 2 - Tendências do coração

Vestida de Luar – conto
Texto escolhido dentre vários inscritos, para fazer parte do site de costurahttp://www.moldesrobertomarques.com.br/
Prêmio de Publicação – 2006 LIVRO 3 - Intensa

Minha Bike  – crônica
I Concurso de Crônicas de Ciclismo da Bike Zapzone – realizado pelo site www.bike.zzn.com Cujo premio foi entregue com a publicação em www.novaliteratura.kit.net  Prêmio de Publicação – abril 2004
LIVRO 3 – Intensa

Encontro Marcado - conto
Concurso Letras no Brasil V - Taba Cultural Editora - RJ
Prêmio de Edição - agosto/2002 LIVRO 3 – Intensa

Brinde à Lua - poesia
I Concurso Literário São Paulo em Poesia - Casa do Novo Autor - SP
Prêmio de Edição – julho 2002  LIVRO 5 – Místicos Sentimentos 1

Vida de Poeta - poesia
Grande Concurso Literário Paixão e Amor na Literatura - Casa do Novo Autor - SP – Prêmio de Edição – julho 2002
LIVRO 2 – Tendências do coração

Poesia à Uma Estrela - poesia
Concurso Literário Anuário de Escritores 2002 - Casa do Novo Autor – SP Prêmio de Edição - abril/2002 LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Separação - poesia
Concurso TheInternational Library of Poetry - www.poetry.com
Prêmio de Edição em Livro e CD, poema recitado - março/2002 – Owings LIVRO 2 – Tendências do coração

A puta que o pariu - poesia
Publicada como Aquela que o Pariu 
- V Concurso Literário de Poesias, Contos e Crônicas -  Alphas -  Associação
Artística e Literária "A Palavra do Século XXI" - Cruz Alta - RS
Prêmio de Edição  -  outubro/2001
- I Concurso de Poesias "A Magia da Poesia"-Fábio José Rocha
www.amagiadapoesia.hpg.com.br - RJ -  
1a Lugar  Prêmio de Publicação- Maio/2002
LIVRO 2 – Tendências do coração

Devaneios - poesia
Concurso Anuário dos Escritores 2001 - Rio de Janeiro - RJ – Litteris Editora – Prêmio de Edição - janeiro/2001
LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Talvez Numa Concepção - poesia
- V Concurso Internacional Literário de Primavera -  Arnaldo Giraldo SP para o livro "500 Outonos de Poesia e Prosa" - Prêmio de Edição – maio 2000
- Concurso Nacional de Poesia e Verso - Letras no Brasil III - Taba Cultural Editora- RJ – 
Prêmio de Edição - agosto/200I - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Noite de Magia - poesia
- Concurso Anuário dos Escritores – Litteris Editora – novembro 2001
- Concurso Amor e Paixão – O Erotismo na Literatura – Casa do Novo Autor Prêmios de Edição - junho 2000 - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Resgate - poesia
Concurso Nacional de Poesia e Verso - Letras no Brasil III - Taba Cultural Editora - RJ Prêmio de Edição - agosto/2000
LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Puro Êxtase - poesia
Concurso Nacional de Poesia e Verso - Letras no Brasil III Taba Cultural Editora - RJ – Prêmio de Edição - agosto/2000
LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Mensagem para Você - conto
II Prêmio Amigos de Camões/2000 de Literatura, Conto e Poesia ALAC e WC Promoção Cultural - SJCampos - SP
Prêmio de Edição com Destaque Especial - agosto/ 2000
LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Em Tempo - poesia
I Concurso Internacional de Poesia "Cantinho do Poeta II" - Londres - Inglaterra  - Prêmio de Edição - julho/2000 LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Imortalidade - poesia
Concurso Seletiva Nacional de Novos Poetas Brasileiros – Fundação Câmara Brasileira de Jovens Escritores - RJ - Prêmio de Edição - junho/2000 LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Desabafo de Amor - prosa
Concurso Literário E Por Falar em Amor ... Casa do Novo Autor Editora/ SP –  Prêmio de Edição - junho/ 2000  para o livro "E por Falar em Amor" - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Leveza de um sonho - poesia
Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa - Taba Cultural Editora - RJ
Prêmio de Edição – fevereiro 2000 - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Febre de Você - poesia
Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa - Taba Cultural Editora - RJ
Prêmio de Edição – maio 2000 - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Areia Fina - poesia
Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa - Taba Cultural Editora - RJ
Prêmio de Edição – maio 2000 - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

A Outra Face - poesia
Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa - Taba Cultural Editora - RJ
Prêmio de Edição – maio 2000 - LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Intimidade - poesia
X Concurso Nacional de Poesias Sebastião Rosa e Silva e Iracema Trinco Ribeiro -Tijuca – RJ  Menção Especial - agosto/1999
LIVRO 1 – Cúmplice do amor





Prêmio de Publicação – I Colcha de Retalhos – A vida em um frasco, gênero poesia, realizado no inverno de 2021, em Uberlância – MG

Rimas da Pandemia

Palavras resistem até mesmo numa confusão mundial
Mas há receio, medo, solidão, um abraço é primordial
Mais do que nunca nos faltam companhias
E mesmo com suas manias, precisamos do social.

Não somos nós os românticos, o sentimento que é poético
Dá vontade de gritar, até sabendo não ser ético
A melancolia toma conta, de dentro tenta escapar
Para não pirar, aguentamos até os céticos.

O momento que vivemos é estranho, atípico e surreal
Dá saudade da vida comum, convencional
Frases e pessoas até rimam juntas, para o coração é cortesia
Calar é bom, mas na real, não todo dia.

Tantos querendo sair de casa, muitos sem ter onde entrar
Empatia precisa ser entendida com urgência, pra gente não surtar
Reclama-se do isolamento, mas antes alguns já andavam ilhados
Bom quando se podia decidir, ao invés de sermos obrigados.

A pandemia veio de alerta, apenas um aviso
Se a humanidade não mudar, chegará o dia do juízo
Tem-se de parar com o que não é certo
Todos sabemos o que é preciso.

Talvez até considerem minhas rimas pobres
Mas eu prefiro a simplicidade, do que ser esnobe
Anda difícil se inspirar, vontade de comemorar nos falta
Quem sabe ainda nessa vida, tempo nos sobre.





Prêmio de Publicação – I Colcha de Retalhos – A mulher brasileira de 1920 a 2020, gênero prosa, realizado no inverno de 2021, em Uberlância – MG


O amor também faz sofrer

A história não tem começo e nem fim, mas um punhado generoso de entremeios. Muitas foram as mulheres fortes que conheci, aliás muito provavelmente, se eu pensar bem, a maioria delas. Difícil foi a decisão de escolher uma, na minha cabeça ficou passando uma porção de cenas, cheguei a ouvir vozes e a sentir seus perfumes, mas eis que escolhi a mulher que foi o meu exemplo mais determinante, por quem eu deveria ter feito mais, mas infelizmente  não fiz -  Acredito que todo arrependimento vem com um sentimento de culpa e uma dose de ressaca moral. 

Ela foi a minha primeira estrela, a que me guiou, a que me ergueu, a que me trouxe ao mundo. Mamãe casou-se as pressas porque já estava grávida de mim - Ela mesmo fez seu próprio vestido de noiva, como fez o meu também anos depois. Meu pai fugiu do exército para se casar, em seguida foi preso.

Desde o começo a vida deles não foi nada fácil, mas à esta mulher poderosa eu serei eternamente grata. Foram anos de luta para poder criar eu e meu irmãozinho, um ano mais novo. Ela trabalhava de sol a sol debruçada numa máquina de costura - Tinha vezes que nem sabia se era dia ou noite.

Nossa pequena família de berço era formada por seis pessoas, meus pais, nós os filhos, uma avó e uma bisavó paternas que moravam conosco. Eram elas que ajudavam a cuidar da casa para que mamãe trabalhasse. Meu pai era um desastre, nenhum emprego estava a sua altura, vivia entrando e saindo deles. Para piorar, numa fatídica madrugada sofreu um acidente que deixou sequelas na sua cabeça – passou um tempo internado, mas mamãe vendo o quanto ele sofria, virou sua curadora e o tirou de lá.

Sinceramente nunca soubemos o que minha mãe viu nele. Era de difícil trato, um homem até bonito e vaidoso, mas prepotente e ignorante - Não sabia lidar bem com as pessoas e tratava-nos com austeridade e impaciência – Ele tinha uns apagões e simplesmente sumia de casa, várias foram as madrugadas que ela tinha que sair a procura dele.

Nossa vida era simples, mas bonita - Também houveram bons momentos - Me lembro de vê-los felizes dançando na sala ao som de The Platters, eles adoravam – Viviam abraçados e se beijando. Teve um episódio engraçado, quando eu a peguei folheando uma revista minha sobre orientação sexual, se assustou quando me viu, fechou imediatamente com as faces rosadas.  

Dona Dirce era uma mulher simplória, sem muita vaidade. Depois de já crescidinha eu tentava passar batom na sua fina boca para realçar sua pele clara, mas ela não gostava. Seus olhos eram grandes e esbugalhados, verdes escuros, fundo do mar -  Meu primogênito tem os olhos dela. Penteava os cabelos pela manhã, mas  não tinha mais tempo de se olhar no espelho novamente. 

Entre linhas e retalhos minha mãe sofria sozinha, eram muitas as preocupações que tinha, muitas as responsabilidades sobre suas costas. O cansaço emocional a fazia chorar. Devido as crises financeiras eles vendiam as coisas de casa. Uma vez, com dor no coração, entregaram o nosso aparelho de som e todos os seus álbuns com discos de vinil por alguns tostões. 

Em meio há tanta tristeza que já existia, eis que também perdemos meu irmão num trágico acidente – Isso acabou com ela e sua vontade de viver, mesmo tendo recebido uma carta dele, vinda de Chico Xavier, o espírita.

Demos à ela dois lindos netinhos que puderam lhe trazer novas alegrias, mas o que queria mesmo era desistir e finalmente se foi. Não dá para julgar as atitudes de uma pessoa, cada um de nós é que sabre sobre a carga pesada que carregamos.  Sinto por não estar mais conosco, mas sei também que teve o seu merecido descanso.


Prêmio de Edição – Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa – Taba Cultural Editora – RJ – maio 2000

A outra face

Desprotegida talvez em nuance
desnuda da vergonha da carne
pudera vestir-te de romance
sem o propósito do assédio

Quem dera não existissem rostos
nem facetadas expressões dissimuladas
nos corpos de tão pequeno vulto
deixando aflorar o nu da alma

O pudor da mente se dissolveria
e da pele apenas se teria
a inócua beleza e perfeição do ser.



Prêmio de Edição – Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa – Taba Cultural Editora – RJ – maio 2000

Areia fina

Escorrendo pela ampulheta, dia após dia
esperando impacientemente o momento de findar
a dor do sofrimento...chegou você !

Das lágrimas pude colher pedrinhas de diamante
depois das palavras do teu coração,
as amarguras, pude transformá-las em flores
levemente caindo em minhas mãos

Saber que você pode estar por aí
num pensamento, numa lembrança de mim
querendo me esquecer talvez
ou mesmo viver-me mais do que nunca
num instante roubado
faz de mim nesta louca existência
tão grande quanto pude desejar ser um dia.


Concurso Literário E Por Falar em Amor ... Casa do Novo Autor Editora/ SP –  Prêmio de Edição - junho/ 2000  para o livro "E por Falar em Amor

Desabafo de amor

O amor às vezes
nos mostra caminhos incompreensíveis
nos põe à prova
envolve tanto os sentidos
nos faz renascer

Confunde o coração
nem sempre sabemos a direção a seguir
a palavra certa a dizer
ainda assim
nada mais pode ser tão grande e forte
modifica, engrandece a alma
transforma um pensamento

Machuca, fere
algumas vezes é egoísta, mesquinho
mas se trabalharmos bem
podemos conhecê-lo

Ele nos arranca também a essência
muitas vezes deixamos de ser
o que conhecemos de nós mesmos

Quantas vezes ele cruzar seu caminho
tantas serão as vezes que ele te invadirá
por isso tudo
muitos preferem nunca se entregar

A entrega total a esse eclipse da vida
nos fortalece
nos torna especiais
num mundo de tantos iguais

Lute sempre para preservar o seu
só você é responsável pelo seu engrandecimento
mais ninguém..


Prêmio de Edição – Concurso Anuário dos Escritores – Litteris Editora – janeiro 2001

Devaneios

Ver-te livre como o vento em dia de tempestade
é como ter-te puro e somente em verdade
não mais acorrentar-te em pensamentos febris
que tantas vezes te roubaram a razão
Sentir-te arrojado no sorriso despojado da face
é como florescer numa manhã
derradeira de primavera
onde quisera eu estar contigo muitas vezes
mas que nem sempre nos foi possível revelar tal instinto
Que gosto é esse que tu tens
que me embriaga e me entontece
inebriando minha razão
invadindo a solidão
que já me é companheira de horas aflitas
Debruço no teu peito ofegante
onde esqueço das tormentas que me afligem
onde perco a razão e em vertigem
posso fazer de conta e por minha conta
ser tantas quantas já quis
Neste instante não tenho nome nem país
me entrego às malícias estonteantes do teu corpo
que me arrasta e cola ao teu
fazendo do suor nossas vestes desta noite.




Prêmio de Edição – I Concurso Internacional de Poesia – Cantinho do Poeta II – Londres – Inglaterra – julho 2000

... Em tempo

Há tanto de mim que não sei
frases que não citei
quadros que não os fiz

Já tanto de mim te dei
experiências que te passei
palavras que não senti

Quero num jeito simples de agir
contaminar e extinguir
a chance de solidão
que possa estar em teu coração

Ficar nos teus dias e então
ser tua louca paixão
maliciosa e pervertida
sem nunca marcar partida

Há tanto de mim que não falei
sonhos que não criei
vida que não vivi ...


Prêmio de Edição – Grande Concurso 2000 de Poesia e Prosa – Taba Cultural Editora – RJ – maio 2000

Febre de Você

Quem dera eu pudesse ter você de novo
gosto de pecado num vão momento
mesmo que num pensamento
na rebeldia de um instante

Esquecer teus erros e desventuras
e poder da tua boca
ter o prazer de um beijo roubado
mesmo que simulado numa ilusão

Perder-me desvairada
sem sentido, sem razão
invadindo tua vida
como um vírus
consumindo-te pouco a pouco.


Prêmio de Edição – Concurso Seletiva Nacional de Novos Poetas Brasileiros – Fundação Câmara Brasileira de Jovens Escritores – RJ – junho 2000

Imortalidade


Quero abrir mão de meus segredos
e dos bens materiais
para que renove minhas forças
e enobreça meus astrais.

Espero sorrir sem motivo
e ser como estrelas banais
que cintilam independente
do que sintam os mortais

Ter na pele o cheiro
e o toque dos desejos imorais
para que respire a fundo
e queira morrer jamais

Ver longe num pensamento
os que buscam vidas reais
e ser para cada um deles
pesadelos ou sonhos imortais.


Menção Especial – X Concurso Nacional de Poesia – Sebastião Rosa e Silva e Iracema Trinco Ribeiro – RJ – agosto 1999 - Livro 1 Cúmplice do amor

Intimidade

Quem é você, mulher que ataca e fere
não pensa, só repele
os que te causam grandes emoções
os que te trazem em turbilhões
aventuras, loucuras
despertando-te para a vida

Arranca do teu peito essa amargura
e mostra a ternura do teu ser
arrasa com teu sorriso limpo
e deixa de esconder tuas fraquezas
solta os cabelos e vem sentir teu sabor

Deixa tuas garras de lado
atua como no teu melhor espetáculo
arrepia tua pele e deixa-te invadir de amor

Não mais afastes aqueles que te causaram medo
não maltrates os que te têm por rival
faz deles degraus para o teu sucesso

Permite brotar na terra
teus frutos doces e suculentos
nobres almas que vão espalhar por toda face
o que aprenderam contigo

Seja íntima de ti mesma
mistura o teu suor com do teu homem
e te inebria de lágrimas de prazer
você merece toda felicidade
que não soube causar-te até agora.


- Concurso Anuário dos Escritores – Litteris Editora – novembro 2001
- Concurso Amor e Paixão – O Erotismo na Literatura – Casa do Novo Autor – junho 2000 – Prêmios de edição

Noite de Magia

Quero despir-te dos pesadelos
arrancar do teu mundo virginal
a pureza inatingível do teu íntimo
homem em toda virilidade carnal

Fazer na tua pele trilhas
caminhos sinuosos de prazer
me embaraçando e me perdendo
nos riscos que do teu sexo posso ter

Deixar-te esperto e arisco
ao leve toque dos meus dedos
arrepiar-te a pele já exausta
das muitas horas dos meus beijos

Quero ainda preencher tuas noites de gemidos
estirar-te à cama desarrumada
onde os lençóis suados de uma noite vadia
fossem testemunha da boca safada

Ser gulosa e matreira por todas as vezes
causar-te espanto e no entanto
entregar-te num olhar terno
todo riso, todo encanto
que me trazes num abraço adormecido.



Prêmio de Edição – Concurso Nacional de Poesia e Verso – Letras do Brasil III – Taba Cultural Editora – RJ – agosto 2000

Puro êxtase

A troca de olhares
tem a cumplicidade de mil frases
tem a simplicidade de mil faces
todas numa só

O prazer de estar viva
tem a complexidade de mil doses
tem a finalidade de mil vozes
todas sem nó

Os lábios selados
têm a esterilidade das rudes palavras
têm a compatibilidade de mudos desejos
todos impronunciáveis

Tudo traduzido no instante
em que o sorriso encabulado
vem sempre ao lado
de caprichos que o coração não revela

Aliciar seus instintos
entregues sem fôlego
provoca a adrenalina
que muitos jamais irão conhecer.



Prêmio de Edição – Concurso Nacional de Poesia e Verso – Letras do Brasil III – Taba Cultural Editora – RJ – agosto 2000

Resgate

Fico quieta num canto a ouvir o murmúrio das pessoas
muitos rostos, muitas vozes, mas as palavras são vazias
sem sentido, um apelo de gesto nobre urge
e ressurge o amargo gosto de solidão

Frios olhares vagueiam perdidos aos montes na multidão
sorrisos de canto de boca, restos de pranto
injusta e liberta força do ser sobre si mesmo
que num apelo aflito quer resgate da alma

Por que não clamam por amor, já que lhes resta gritar?
Por que não gritam pela liberdade de pensamento então?
Mas só a ilusão faz morada num impulso de sobreviver,
nas conversas, nas frases imorais que pronunciam

Em minha essência triste existe um áspero silêncio
um árduo vazio calado, chamuscado de incertezas
que tenta, num ato aflito, lançar mão de sutilezas
e de certezas reage ao intuito de magoar-se

Atiro-me de cabeça num salvamento mútuo
tentando alcançar um passado não muito distante
em que errante  soube ser fiel
cruel as verdades que teimavam em existir dentro de mim


- V Concurso Internacional Literário de Primavera -  Arnaldo Giraldo SP para o livro "500 Outonos de Poesia e Prosa" - Prêmio de Edição – maio 2000
- Concurso Nacional de Poesia e Verso - Letras no Brasil III - Taba Cultural Editora- RJ –  Prêmio de Edição - agosto/200I

Talvez numa concepção

Talvez te conceda precocemente
o poder de me dominar...
mas antes, consequentemente,
quero poder amar...

Amar os homens e as mulheres,
as flores, a chuva, o vento...
estar no instante da vida
apta a ser inseminada
pelo contagiante prazer de viver...
Vomitar incontidamente o que me machuca o coração
respirar pelos poros o cheiro da vastidão
que podem ter meus dias e noites...
tão cheios de sonhos mau exibidos!

Falta-me a felicidade de conduzir-me mais adiante
muito mais à frente do que possa ter imaginado um dia
falta-me a honestidade de reluzir
num mundo onde a gente mal pode existir
mais fácil seria se extinguir ...

Não me entrego assim de bandeja aos falsos dissabores
involuntários lamentos do meu espírito
Posso entregar-te sim, nas tuas mãos, meu passado...
eu num estado repleto de mim...como já o fiz tantas vezes,
tudo pode ser teu, meu amor,
mas no momento certo, na hora certa, é que devo ir-me contigo...

Antes quero saber dos porquês, encarar os maus dias
provocar ciúmes... causar inveja
quero ser dona do mundo
quero ser promíscua no ventre das noites mal dormidas
sozinhas no meu quarto
quero lutar contra minha própria ignorância e inexperiência...

Quero chegar-te uma mulher plena
estender-te mãos firmes sem o tremor das incertezas
quero partilhar-te serena
certa de que dei o melhor de mim em tudo... sempre!

Enquanto isso... fica por aqui ao meu redor
pelas beiradinhas ... e te conduzo pra dentro a todo instante
basta que acredites que fazes parte de mim há muito...
que jamais saíste do meu peito, da minha vida...

Espera para ter-me por completo
o que tu vês não é como quero que me vejas
sei que posso dar-te muito mais aos teus dias
difíceis dias onde conduzes tua lucidez controladamente
para não te tornar homem triste e derrotado...

Não te apresses meu amor... senão o que vai carregar de mim serão
apenas algumas peças de um quebra cabeça...
correndo o risco de faltar-lhe uma peça chave
a qual pode perdê-la no tempo
e nunca mais conseguir montar-me novamente, emoldurando, idolatrando
como já o fez tantas vezes

Ama-me à tua maneira, não me importo
só quero e reporto que faça parceria das minhas vitórias
pois nada de mim valeria se não existisse você.


Grande concurso 2000 de Prosa e Poesia – Editora Taba Cultural – RJ
Fevereiro 2000

Leveza de um sonho

Suavemente deleito-me em seu colo
numa longa tarde de verão
e meus traços já tão marcados
pelo tempo que não se perde em vão

Sutilmente invado o êxtase
no qual repousa teu voluptuoso sorriso
delirante de desejo e espanto
às vezes chegando até a ser omisso

Inerte e confuso ficas diante
de meu corpo que como antes
te enlouquece e rouba os sentidos
todos repelidos pelo momento que se finda.




Mensagem para Você 
II Prêmio Amigos de Camões/2000 de Literatura, Conto e Poesia ALAC e WC Promoção Cultural - SJCampos - SP
Prêmio de Edição com Destaque Especial - agosto/ 2000
LIVRO Perdi o texto


- V Concurso Literário de Poesias, Contos e Crônicas -  Alphas -  Associação
Artística e Literária "A Palavra do Século XXI" - Cruz Alta - RS
Prêmio de Edição  -  outubro/2001
- I Concurso de Poesias "A Magia da Poesia"-Fábio José Rocha
www.amagiadapoesia.hpg.com.br - RJ -  1a Lugar  Prêmio de Publicação- Maio/2002
LIVRO 2 – Tendências do coração

A puta que o pariu - poesia
Publicada como Aquela que o Pariu


Mundana essa cadela
que numa cela de vertigens
encarcera corpos cansados
mortos dia a dia
consumidos na solidão de seu ventre.

Largada é essa desvairada
que arrota pelos esgotos
a lama pecaminosa dos escrotos
que muito veem e nada fazem.

Ignora a desolação renitente
encobre a decorrente dívida de gratidão
que deveria ter pelo amor que recebe
do simples cidadão que a escolhe por parir.

Covarde vagabunda que desola
assola o indivíduo, denigre a alma
e cospe-o para fora de seu aconchego
pelas ruas criminosas no desassossego da violência
desmerecendo o título de pátria mãe gentil.

Afoga teus filhos numa seca viril
esfola os joelhos do homem senil
que ainda crê na tua vã dignidade

esquecendo que acima de qualquer dúvida
ele que desperta teu poder de sedução.

Irresponsável esquece patifa
que tem parceria divina
um elo profundo com cada um
porque da tua cria é que terá do que comer
mesmo que seja
a própria mão que te alimenta.
(pela vida nas cidades grandes)


Concurso TheInternational Library of Poetry - www.poetry.com
Prêmio de Edição em Livro e CD, poema recitado - março/2002 – Owings - LIVRO 2 – Tendências do coração

Separação 

Tanto pranto num canto
embora quisesse esquecer
mas os paradigmas de cada hora
vestem o manto do envelhecer.

No entanto o encanto um tanto
mórbido nesse seu jeito de ser
perde a ternura na véspera
e faz toda paixão endurecer.

Enquanto no recanto
espia o cúmplice entardecer
foge do amor que tivera
no rumo da história emudecer.


Concurso Literário Anuário de Escritores 2002 - Casa do Novo Autor – SP - Prêmio de Edição - abril/2002
LIVRO 1 – Cúmplice do amor

Poesia à Uma Estrela

Quantos conheci
todos tanto eu vivi
passando por cada vida
muitas vezes reprimida
cercada de duvidosos dissabores
envolventes amores

A vida sem ilusão, repleta de paixão
é como um mar em tempestade
é como um caos, uma saudade
que enlouquece, que envaidece
e tira da gente a última gota
extrai do gosto o soro do pecado não consumado
a lembrança do gesto mal cometido

No calor da alma cada pensamento
cada lembrança um tormento
um espírito tentando se libertar
querendo voar ao vento
sofrendo calado um alento
de ficar sem nunca ter partido.


Grande Concurso Literário Paixão e Amor na Literatura - Casa do Novo Autor - SP – Prêmio de Edição – julho 2002
LIVRO 2 – Tendências do coração

Vida de Poeta

O poeta arranca do coração
em vertigens de solidão, o que machuca,
vomita frases que a razão
jamais conseguirá avaliar sem desatino.

Acorrenta a alma com promessas em vão
inspira-se nos beijos roubados sem compromisso
acolhe sem contrato de eterno, o amor
que julga existir num momento de paixão.

Omite as derrotas com exatidão
finge existir sem incertezas
e deixa-se queimar na chama
das aventuras do sofrimento.

Sabe que não se importam com seu desalento
mas insiste em viver em cada seu momento
o que se propôs a acreditar
mesmo que isso venha a lhe cortar um dia.

O poeta descobre que pode arrancar de si o melhor
mesmo que o maior dos seus erros
seja doar-se em exagero
insistindo em muitos erros.

Vive um incompreendido sentimento de gostar
é acusado de falsas rimas
sina que carrega por enxergar diferente
jeito sutil de olhar a vida.

Abranda ou camufla a ignorância
dos que fingem não querer amar
porque sabe que nesta entrega
não basta apenar gostar.

Testemunha com o tempo
que para compreender a todos
é preciso exercitar a paciência, a benevolência dos atos
pois amar é sempre ter de estar preparado para sofrer
não existe um sentimento sem o outro
e pela própria preservação
muitos preferem jamais se entregar.

Eu como escritora dos sentimentos mais profundos
me coloco noutros papéis e personagens
busco muitas vezes a fuga da realidade
esta fuga nada mais é que conquistada
como um presente para o bem viver.

Tenho muitos limites
mas tento descomplicar os dias
fazer de tudo uma brincadeira
pois sei que é preciso permitir-se entregar
para conhecer os mistérios do nosso eu mais íntimo.

Chavões são desnecessários
as experiências de uns nem sempre servem para outros
mas nem eu nem você estamos errados por não nos aceitarmos
apenas procuramos ser exatos, fiéis ao que sentimos.

Sabemos que amar de verdade é complicado
deixa cicatrizes e lembranças que nos perseguirão para sempre
mas as diretrizes que podemos traçar são inúmeras
é preciso deixar-se invadir para experimentar
acertar e errar para viver plenamente.


I Concurso Literário São Paulo em Poesia - Casa do Novo Autor - SP
Prêmio de Edição – julho 2002
LIVRO 5 – Místicos Sentimentos 1

Brinde à Lua

Desliza a lua no céu estrelado
e tem brilho que só de um lado
insinua um viril prazer.

Retenho no peito um instante só de quietude
e na plenitude da alma, sinto uma calma
neste nobre anoitecer.

É noite de lua cheia
ela fica ali parada em mergulho sublime
ao lado da estrela encantada, de viril perfume
embriagando-me de querer.

Que o véu desta noite
possa me encobrir de encantos
abrandar meus prantos
e findar as agonias num êxtase de viver.

Brindo a ti lua formosa
que ditosa, hasteia tua luz nesta noite.


Concurso Letras no Brasil V - Taba Cultural Editora - RJ
Prêmio de Edição - agosto/2002
LIVRO 3 - Intensa

Encontro Marcado - conto

Fitaram-se por alguns instantes e ficaram encabulados, afinal olhares trocados com estranhos, mesmo que por segundos, causa um certo constrangimento.

Viraram-se cada um para seu lado e continuaram a pesquisar nas prateleiras da livraria, olhando tudo,  sem nada encontrar.

Aquele esbarrão ao acaso não estava programado e a incomodou.  Ela precisava de uma literatura que a ajudasse a compreender melhor o sentido da vida, então continuou a vasculhar. Ele, bem, não se sabe ao certo o que procurava.

Os corredores estavam vazios, quase hora de fechar o shopping, se não encontrasse o que procurava, teria de passar mais uma noite com seus vagos pensamentos, divagando sobre o que pouco compreendia. Mas ainda não seria naquela noite que ela encontraria o que vinha procurando, pois aquele cara a havia desconcentrado e tinha medo de virar um novo corredor e ter de encará-lo novamente.

Resolveu então ir embora, adiaria sua procura, pois nem estava mesmo certa do que queria encontrar. Saiu da livraria às pressas, meio eufórica e assustada, parecia ter medo de tudo e de todos, desconfiada olhava para os lados. Antes de chegar à porta viu o rapaz no caixa, com uma revista enrolada, esperando para ser atendido. Antes mesmo que ele percebesse seu olhar, ela apressou-se em sair.

Ufa!!!!... pensou... não estou muito preparada para estas emoções fortes de novo!

À noite estava irrequieta, o sono não vinha, lembranças indesejáveis chegavam à mente. Não queria pensar, mas fechava os olhos e tudo voltava. Uma dor aguda no coração persistia e acabava dormindo pelo cansaço, olhos de ressaca cheios de lágrimas.

Os dias se passaram e lembrou-se ainda não ter encontrado o tal livro, de vital importância para o seu conhecimento, tão necessário naquela sua nova fase. Resolveu-se então à tardinha depois do trabalho, ir à livraria novamente. No caminho do shopping lembrou-se daquele esbarrão ao acaso que tanto a havia incomodado, decidiu ir à outra livraria, afinal, havia passado muitas vezes naquela e parecia não ter aquilo que vinha procurando  há muito tempo.

Conhecia um sebo de livros no centro da cidade, decidiu-se ir até lá.  Subiu no carro e seguiu em frente. O trânsito estava irremediavelmente parado, incômoda aquela sensação de impotência, mas fazer o que, tinha mesmo de ficar e esperar.

Os minutos se passavam e os carros não se mexiam, alguns começaram a buzinar, irritada pensava na falta de educação dos motoristas. Eis que todos começaram a se movimentar,
pisou então no acelerador e investiu, qual não foi sua surpresa, alguém atravessava a rua correndo. Assustada brecou forte e ficou quase que em estado de choque, devido ao susto. O rapaz percebendo o ocorrido foi até o vidro do carro.
- Desculpe, disse ele debruçado no vidro.
- Você novamente! Vê se dá próxima vez toma mais cuidado, podia tê-lo ferido.
- Não se preocupe, você já o fez!
Um momento de silêncio... ambos se olharam bem dentro dos olhos...
Os carros à sua frente começaram a sair e ela engatou a marcha seguindo sem nada dizer.

Resolveu não mais procurar o livro, não tinha cabeça para nada depois disso, melhor mesmo seria repensar os seus dias e colocar um ponto final na história mal resolvida de sua vida.

Chegou em casa quase uma hora depois, ficou vagando pelas ruas, imaginando qual seria sua atitude diante de tudo que vinha sentindo. Pegou o telefone, relutou ao discar, enganou-se nos números e voltou a tentar. Chamava do outro lado, chamava, chamava e ninguém atendia, desistiu então.

Sentou-se no sofá, suas mãos estavam úmidas e nervosa acendeu um cigarro, fuga imbecil que buscava para suas horas de nervosismo descontrolado.

Quisera ter se desculpado a tempo, ter feito as malas e ido embora sem explicação não tinha sido uma atitude condizente com seu jeito costumeiro de agir, mas não havia muito mais a fazer, sabia que já havia tentado um entendimento várias vezes, todas nulas.. Foi uma atitude pensada não poderia se arrepender, deveria assumir e pronto.

Voltou aos seus escritos e resolveu então anotar suas impressões sobre o que tinha vivido até aquele momento. Não seria uma romance desta vez, suas prateleiras já estavam empilhadas destes textos, mas não conseguia se concentrar, sabia que nada tinha sido tão ao acaso, quase o atropelara nesta tarde, havia tido várias chances de se explicar, o destino havia lhe reservado isto, mas abrira mão de todas elas.

Quem sabe poderia encontrá-lo novamente na livraria amanhã.  Quem sabe teria uma nova chance, apenas mais uma... e quem sabe coragem.


I Concurso de Crônicas de Ciclismo da Bike Zapzone – realizado pelo site www.bike.zzn.com
Cujo premio foi entregue com a publicação em www.novaliteratura.kit.net 
Prêmio de Publicação – abril 2004
LIVRO 3 – Intensa

Minha Bike  – crônica

O vento batia forte em meu rosto. Mal podia respirar direito. Era madrugada de inverno, uma neblina baixa não me permitia enxergar o caminho. Minha bike brilhava no mundo destes meus sonhos. Trilhava sem rumo, apenas desejando absorver o máximo de sensações que pudesse colher.

A trilha era tortuosa na descida. Soltei os freios, soltei meu corpo e descia velozmente. Uma plenitude tamanha me acercava. Não havia ninguém no trajeto.

Não conseguia dormir à noite. Me mexia na cama de um lado para o outro e nada do sono vir. Levantei, tomei um copo de água e fiquei andando pela sala sem saber ao certo o que fazer. Me recusava a voltar para a cama e ficar novamente brigando com meus pensamentos. Mente super ativa, projetos idealizados e a calmaria da noite não combinava com o processo todo que sentia.

Peguei um livro, sabia iria me envolver no texto e quem sabe me acalmaria, não resolveu. Liguei o computador, conversar num chat noturno poderia ser a solução para minha insônia, só papos furados de boêmios e tarados da internet.

Liguei a televisão. Ficava mudando de canal o tempo todo, não conseguia firmar meu pensamento nem prestar atenção em nada. Foi quando me decidi sair e caminhar. Pensei a princípio de sair a pé. O condomínio todo dormia. Apenas ouvia-se um murmúrio breve de alguns grilos ao longe em festa noturna.

Sabia que ao ar livre meu coração se acalmaria, pois o contato com a natureza me faria muito bem. Caminhei então por algumas esquinas, mas o mal estar ainda se apossava de mim, sentia que uma adrenalina forte estremecia meu coração. Claro, porque não, andar de bicicleta!

Voltei para casa, eu estava ainda com meu pijama de malha fina. Prendi a calça nas meias, calcei meu tênis já velhinho, coitadinho... e sai.

Desci a rua e me pus a sair do condomínio. Queria espaço, amplitude. Já na avenida percebia que não havia movimento algum. A cidade dormia, menos eu. Tive até a impressão que seria a única acordada naquela madrugada.
Em poucos metros já conseguia perceber que era aquilo mesmo que desejava fazer. Finalmente conseguia acomodar meus pensamentos. Apagava da mente a ansiedade, os problemas mal resolvidos, as frustrações. Apenas me deixava envolver pela sensação de liberdade e dela fiz jus.
Andei por mais de duas horas, não me vinha o cansaço, apenas um confortável sentimento de exatidão. Um completo prazer de mente e corpo.
Minha bicicleta, meio que esquecida na garagem, junto de mim regozijou pelo prazer de juntas vivermos esta noite.
Ao chegar num patamar, no meio de vasta neblina, pude ver um movimento breve. Parecia que alguém corria por entre os arbustos, me assustei. Uma euforia tomou conta de mim novamente, mas não conseguia deixar de observar. Fui chegando perto, não conseguia distinguir a imagem tortuosa no meio da noite. Só mesmo quando cheguei bem perto foi que percebi que era uma outra mulher de bicicleta. Foi engraçado quando nos olhamos assustadas as duas. Ela também estava de pijama, só que o dela era de oncinha. Não tinha como não ficarmos indiferentes. Não era como encontros casuais no meio de uma tarde ou nos corredores de shoppings. Havia somente nós duas no meio do nada, ou quase tudo.
Ficamos nos olhando e sorrindo. Achando graça pelas vestes de ambas, mas nada dissemos. Seguimos adiante pedalando. Sua bicicleta era vermelha, aguçava minha curiosidade, percebia que era muito nova, linda, diferente da minha mirradinha... mas não importava. Houve uma comunhão de sentimentos e nos entendemos sem nada dizer.
Virei na próxima curva e acenei, mandando-lhe um beijo delicado de carinho do qual ela correspondeu.
Voltei para casa então, o sol parecia querer apontar no horizonte e percebia agora, que minhas pernas já cansadas precisavam de um merecido descanso.
Passou a euforia. Parecia ter chegado de uma danceteria, pulando feito louca a noite toda. Tudo o que queria era deitar-me e dormir o sono merecido, aquele que procurava antes sem encontrar.
Entrei em casa, tomei um banho com todo cuidado para não acordar ninguém, afinal não entenderiam nada e não estava disposta mesmo a ouvir o som de minha voz nem a de ninguém. Apenas o silêncio dos meus pensamentos agora é que me importava.
Assim que me deitei, de cabelos molhados e corpo exausto, me acomodei no travesseiro, cúmplice de minhas longas noites acordada. Fechei os olhos e no primeiro instante, quando sentia que adormecia lentamente, o despertador tocou. Era hora de acordar a família. Crianças teriam de ir para a escola, meu marido para o trabalho.
Me senti frustrada nesse momento, mas percebia que havia tido uma noite maravilhosa. Teria combustível novamente para mais um dia de batalha pela sobrevivência.



Texto escolhido dentre vários inscritos, para fazer parte do site de costura http://www.moldesrobertomarques.com.br/
Prêmio de Publicação – 2006
LIVRO 3 – Intensa

Vestida de Luar – conto

Vestido branco curtinho, crepe de seda ... Como ela ficava linda com esse vestido !
Cheguei a sonhar muitas vezes com esta imagem. Tinha um corpo bonito, pernas  branquinhas, que chegavam até a confundirem-se com o próprio vestido.
Seus cabelos eram finos, escorridos, não tinham a ousadia de esbarrarem no ombro, tímidos, muitas vezes desarrumados pelo cansaço...
Sua face, serena e triste, olhos de pupilas saltadas, como se estivesse sempre a espera de algo que os deslumbrasse, a espera de uma alegria, mesmo que passageira...
Calada, não reclamava, apenas ficava compenetrada no seu trabalho, absolta em pensamentos, só seus. Singelos detalhes que guardei na lembrança.
Vejo como se fosse hoje ela sorrindo, toda faceira, quando transformara aquele pedacinho de pano branco, numa deslumbrante veste, uma pérola. Provavelmente fora feito num dia de rara felicidade, poucas de uma vida de incertezas e amarguras. Era o vestido que mais gostava e com certeza o que mais lhe caía bem.
Me deparo muitas vezes, no decorrer dos longos anos que acumulo na vida, com a lembrança daquele sorriso tímido de anjo ferido. Tinha a delicadeza de uma flor, não de uma suprema rosa, cujos espinhos protegem, mas como uma margarida, que se curva ao vento, chegando a se deitar no solo num dia de tempestade, mas que não se quebra, sempre se levanta e continua firme e forte na sua missão de embelezar mais o mundo.
Quantas foram as vezes que a encontrei escondida, enxugando as lágrimas com  trapos de pano, retalhos das suas próprias desilusões, esparramados pelo chão de cimento frio.  As vezes quando ficava furiosa, chegava a esbravejar um pouco, mas no final das contas, terminava por calar-se, engolindo sua dor, sua decepção com a vida, que lhe estava sendo tão cruel. Vida de luta, essa era a dela.
Seu dom de transformar já lhe era íntimo. Lindos foram os encantos que teceu em sua pequena máquina de costura por tantos anos, todos os seus anos. Amigas de longas datas vinham buscar a magia das suas mãos e levavam consigo brilhantes.  Sonhos envolvidos em papel de embrulho, feito com muito capricho. Parecia que a cada vestido que criava, colocava para fora toda sua alegria, toda sua força. Maneira que havia encontrado de exibir-se, que não em seu próprio espelho da alma.
Garotinha em corpo de mulher, atirada à vida de susto, sem a menor preparação. Não sabia ao certo o que esperar, mas a vida lhe cobrava atitudes para que pudesse sobreviver na selva de incertezas. 
Eu acompanhava seus movimentos. Ainda não tinha maturidade suficiente para compreender seu sofrimento, mas percebia quando no final da tarde, seu corpo cansado recostava-se no sofá da sala e pedia colo. Debruçava sua cabeça em mim e procurava aninhar-se à espera de carinho.  Eu lhe afagava os cabelos, desembaraçava-os com cuidado. Brincava de pentear os cachos e ela quieta, de olhos fechados, como se estivesse dormindo um sono tranquilo. Que delícia lembrar dela assim, tão serena, tão minha...
Queria poder voltar no tempo e dizer-lhe o quão vitoriosa ela sempre fora para mim, mas só agora, depois dos vários anos de minhas experiências, de sentir minhas próprias feridas expostas à tormenta dos erros cometidos, é que percebo quanto poderia ter aliviado a dor de suas tristezas, se tivesse sido mais próxima, se tivesse aprendido também a pedir colo. A sentia sobrecarregada, não tinha o direito de exigir ainda mais, mas estava errada, hoje sei. 

Me vêm à mente, mais uma vez, o lindo vestido branco. Chave para a porta que nos unia. Ficava encantada com sua habilidade, com a precisão dos seus cortes. Queria aprender, fazer igual, mas era afoita, impaciente e não tinha paciência... ela até tentava as vezes me mostrar como se alinhavava, mas estava sempre com pressa, de compromisso marcado... pena não ter aproveitado a chance...
Um dia, quando acordei, aquela pérola de cetim estava dobrada num cantinho de minha cama, entre os lençóis e minha colcha de retalhos, bem passado e cheiroso. A princípio fiquei surpresa, mas eu sabia o que ela estava querendo dizer colocando ele ali. Agora ele era meu, só meu. Ela sabia o quanto eu o adorava, mas o que não sabia mesmo, é que eu admirava mais ainda, quando ela o vestia. 
Corri até ela para perguntar-lhe e num sorriso meigo me recebeu nos braços. Estava feliz, seus olhos brilhavam e satisfeita entregava-me um de seus mais valiosos bens, pois sabia que para mim, teria tanto valor quanto teve a tanto tempo para ela.  Eu nem mesmo perguntara-lhe o porque, simplesmente o vestia e estava tão radiante que mal podia me conter. Este momento em nossas vidas mudou todo um contexto. Talvez ela não soubesse como mostrar-me que poderia contar com ela, talvez nem sequer tivesse aprendido a fazê-lo, mas com seu jeito simples de agir, me mostrou que poderia confiar nela. Nós duas pudemos compreender.
Mamãe era apenas uma menina dengosa em corpo de mulher. Quase nunca falava de si mesma e ficava sempre sozinha em seus aposentos, quieta, entretida com seus moldes.  Artesã de sonhos.
Ela costumava usar saias curtas, sentia-se bem assim e eu adorava sua juventude translúcida. Mas algo estava acontecendo, percebia que o comprimento de suas roupas descia, seus joelhos passavam a ser cobertos pela dura realidade que os anos lhe entregavam com a idade. Ela envelhecia e eu não percebia, mas ela sim e sentia cada dia que passava.
Aparentava já o cansaço dos anos.  Enfraquecida, exausta pela luta diária, mas bastava que precisassem dela mais uma vez e pronto, ia embora toda dor e ineficiência destes instantes. Amava o que fazia, apesar de já ter acumulado ano após ano, debruçada em sua máquina de costura, toda sua juventude.
Várias são as lembranças ternas de mamãe. As vezes íamos nas festinhas de família, como era legal vê-la feliz. Brincava, dançava muito. As vezes bebia um pouquinho a mais e parecia mesmo uma adolescente, mais jovem do que eu aos meus 15 anos. Por algumas horas, parecia ter se livrado das frustrações, das tristezas, mas assim que passava o efeito do álcool, os risos se transformavam em pranto novamente, recostava-se num canto e lhe vinham  a lembrança dos sonhos destruídos pelo caminho, as perdas de uma existência. 
Todos sabiam que no fundo, só o que precisava, era esvaziar um pouco o coração das mágoas.
Ela era minha amiga, embora eu a olhasse apenas como mãe. Era minha companheira de bailinhos na juventude, tinha orgulho de exibi-la. Quando papai proibia-me de ir sozinha, ela me acompanhava, porque sabia o quanto era importante para mim. Cúmplice, ficava entusiasmada com a alegria dos jovens, com a música e o divertimento, minha amiga, só minha de mais ninguém... Conduzia a vida de todos nós com dignidade, acolhia-nos nos momentos de aflição, só mesmo esquecia-se de atender a si mesma. Pedia muito pouco, recebia menos ainda...
Uma vez, quando eu chegava da escola, agora já cursando o curso noturno, eu a surpreendi folheando minhas revistas de orientação sexual para jovens. Tinha fotos de casais nus no ato do amor, em suas mais diversificadas posições. Ela corou, fechou a revista rapidamente como se estivesse fazendo coisa feia ou proibida. Tentei dizer-lhe que não havia problema algum, mas na sua ingenuidade, ficou sem ação, não sabia como encarar-me e percebi que a simplicidade da sua vida, se resumia à mesmice do cotidiano. Vivera muito pouco, muito menos do que tinha vontade de conhecer. Vi que estava constrangida demais e não insisti. Acho mesmo que talvez tenha até sido mútuo o constrangimento. Calei-me então e fingimos o resto da noite, que nada tivesse acontecido. 
Mamãe viveu toda sua vida com um único amor, não que tenha sido o único que amou, mas soube ser fiel e feliz à sua maneira, não tinha eu portanto, o direito de mostrar-lhe o quão pouco teve por todos aqueles anos ao lado do homem, ao qual entregou todos os seus sonhos, que foram um a um desfeitos.
Queria também poder ter tido a coragem de dividir com ela meu primeiro êxtase, sei que teria vibrado em saber que sua menina já havia se transformado em mulher. Já tinha eu, desde aquela época, vontade de ser muito feliz, de compartilhar minha alegria por estar amando. Queria muito ser feliz por nós duas, mas revelar-lhe íntimos segredos, precisava de mim um pouco mais de experiência e de maturidade. 
Poucas lhe eram as vaidades, um custo para convencer-lhe a passar um batom, achava sua boca muito pequena e sem graça, mas eu adorava brincar e pintar seu rosto com blush, ficava vistosa, de alto astral. As vezes sozinha dava seus primeiros passos, se maquiava toda e saía. Tinha uma beleza alva, traços puros e simples, seus pés então, delicados como de um bebê, mal lhe permitiam sustentar-se sobre saltos muito altos, embora fosse uma de suas secretas paixões.
Existem várias histórias de lutas pessoais, muitas com finais felizes, a da minha mãe não, foi uma lição de vida sofrida, muito trabalho, muita luta, muitas lágrimas...
Ouço ainda o som de sua máquina de costura, nas longas tardes quando a tenho no pensamento. Uma lembrança doce, sem dor, porque por mais distante que possa estar, mais do que nunca, será parte muito importante de mim, para sempre.
Conjugo o amor de todas as formas e tento ser feliz, tanto quanto ela desejou que eu fosse por toda vida.


Concurso Literário Antologia Literária “ Letras da Paixão” – Casa do Novo Autor Editora / SP – 3º Lugar – 2010
LIVRO 3 – Intensa

Cinzas não Envelhecem – prosa

Um dia a história já teve muitas cores e tons de juventude, mas hoje deve emoldurar-se apenas de cinzas, posta à fogo, apesar de não findar nem envelhecer.
Os sentimentos, um dia anotados, se queimam em chama forte e enquanto tremula o fogo, se testemunha a instabilidade dos pensamentos.
Os vestígios se espalham escandalosamente em agonia e nos queimados, se percebe partículas cintilantes, luzes brilhantes como estrelas de um anoitecer.
O coração em poesia, repleto de ilusões ainda, é remetido ao passado, o que deveria ter ficado distante, mas que nunca alcançou distância inatingível.
A fumaça que sobe, lança as lembranças novamente ao porão de guardados, quisera jamais ter de voltar lá.
Fica-se em retaguarda. Dizemos não às ilusões, às inconstâncias, mas elas permanecem. Quantas são as histórias que ao longo dos anos foram amontoando-se, porém, sentimentos enraizados, brotam em todos os verões.
Muitas páginas da história já amarelaram, mas nunca foram esquecidas Pudera delas poder falar, sem comprometer a sanidade mental, pois as lembranças muitas vezes ferem tanto quanto uma lâmina afiada.
Os pensamentos existirão, jamais haverão de se extinguir, porém deve-se policiar, para não sofrer em demasia.
Quem já viveu um grande sentimento, quem já conheceu o amor em suas diversas formas, poderá entender quantos são os vestígios que temos de recolher, pois partes de nós mesmos vão sendo deixadas pelo caminho. 
A sensação do inexato incendeia a lembrança e as fagulhas se espalham no ar que respiramos. Impossível de se prender nas mãos, escapam por entre os vãos dos nossos dedos e se juntam com o ar que novamente havemos de respirar, voltando para dentro e se incrustando nas paredes do nosso coração. É fato.


Concurso Falando de Amor – Casa do Novo Autor – SP 
Prêmio de Edição – abril 2010
LIVRO 2 Tendências do coração

Inverso da Alma - poesia

Houve um lamento
se fez dele um tormento
nada podia superar.

A alma parecia viver em constante agonia
e sem euforia
não sabia a dor, estancar.

A poesia da vida fora esquecida
e sem as mãos aquecidas
tudo que podia, era lamentar.

Um vão se fez entre a vida e a morte
que sem sorte
nada mais podia esperar.

Calaram-se até os ecos
findaram-se também os sonhos
e mais uma vez
fez-se chorar.

Que sejam precoces as aflições
e não retratem apenas ambições
que os medos se desfaçam
e que se refaçam teus prazeres de amar.



Textos e os respectivos Quadros, todos premiados



















 

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