Um dia a história já teve muitas cores e tons de juventude, mas hoje deve emoldurar-se apenas de cinzas, posta à fogo, apesar de não findar nem envelhecer.
Os sentimentos, um dia anotados, se queimam em chama forte e enquanto tremula o fogo, se testemunha a instabilidade dos pensamentos.
Os vestígios se espalham escandalosamente em agonia e nos queimados, se percebe partículas cintilantes, luzes brilhantes como estrelas de um anoitecer.
O coração em poesia, repleto de ilusões ainda, é remetido ao passado, o que deveria ter ficado distante, mas que nunca alcançou distância inatingível.
A fumaça que sobe, lança as lembranças novamente ao porão de guardados, quisera jamais ter de voltar lá.
Fica-se em retaguarda. Dizemos não às ilusões, às inconstâncias, mas elas permanecem. Quantas são as histórias que ao longo dos anos foram amontoando-se, porém, sentimentos enraizados, brotam em todos os verões.
Muitas páginas da história já amarelaram, mas nunca foram esquecidas Pudera delas poder falar, sem comprometer a sanidade mental, pois as lembranças muitas vezes ferem tanto quanto uma lâmina afiada.
Os pensamentos existirão, jamais haverão de se extinguir, porém deve-se policiar, para não sofrer em demasia.
Quem já viveu um grande sentimento, quem já conheceu o amor em suas diversas formas, poderá entender quantos são os vestígios que temos de recolher, pois partes de nós mesmos vão sendo deixadas pelo caminho.
A sensação do inexato incendeia a lembrança e as fagulhas se espalham no ar que respiramos. Impossível de se prender nas mãos, escapam por entre os vãos dos nossos dedos e se juntam com o ar que novamente havemos de respirar, voltando para dentro e se incrustando nas paredes do nosso coração. É fato.
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